18 junho 2014

Altitude: o ambiente hipobárico da Terra (4)




Conforme o prometido, nesta semana retomamos o tema da última publicação.






Sistema nervoso central

Como o sistema nervoso central é muito sensível à hipoxia, não é de estranhar que se tenham observado muitas mudanças na função neuropsicológica em situações de  altitudes extremas. Estas incluem alterações da visão, do ouvido, da habilidade motora, da memória e do humor. Também são conhecidos casos de alucinações visuais, visão em túnel e alterações psiquiátricas persistentes. No geral, a maioria dos entendidos na matéria estão de acordo no que concerne a poder-se levar a cabo um trabalho de precisão a uma altitude extrema. No entanto, para que tal seja possível, é requerido mais tempo e um grande esforço de concentração.






Metabolismo

Perder peso em altitude é normal, como consequência dos factores que aparecem na figura abaixo.





Isto ficou claramente demonstrado durante a expedição científica e de montanha que se realizou no Everest em 1960-1961 encabeçada por Sir Edmund Hillary e cientistas conceituados. A sua equipa de investigação montou um laboratório a 5.834 metros de altitude e anotou as suas observações durante vários meses. Verificou-se que a maioria das pessoas perdiam entre 0,5 e 1,5 kg por semana.





As causas dessa perda de peso não foram totalmente clarificadas na altura e podem ser distintas para cada alpinista. No entanto, os factores acima referidos são, sem dúvida, relevantes para o tema que aqui nos trás. Assim e a título de exemplo,




. A hipoxia e os sintomas de mal de montanha agudo, reduzem o apetite.

. Comer e beber ficam em segundo plano devido à necessidade de concentração em tarefas físicas e na escalada.

. Pode verificar-se uma alteração a nível do metabolismo de proteínas.





Sono

A grande altitude o sono deteriora-se em praticamente todos as pessoas. Os alpinistas costumam queixar-se de que têm problemas para dormir, que despertam com frequência em plena noite e que não se sentem recuperados quando acordam pela manhã. Em grandes altitudes, um maior stress por hipoxia, aumenta a frequência de um sono deteriorado. A denominada respiração Cheyne-Stokes (periódica) é outra das características verificadas quando se dorme em altitude. Ainda que alguns entendidos defendam que a respiração periódica é a responsável por essas perturbações do sono, verificou-se, no entanto, em certos alpinistas, que essa anormalidade respiratória pode ocorrer sem que se verifiquem alterações do sono.





 A respiração de Cheyne-Stokes (assim chamada em homenagem dos dois cientistas que descobriram este fenómeno).  Ocorre quando a hipoxia, aumenta o ritmo respiratório pela noite, gerando aumento da eliminação de CO2 e da alcalose respiratória. Por sua vez o aumento do PH actua sobre o centro de controlo respiratório do cérebro para reduzir a frequência respiratória em função do aumento do nível de CO2 no sangue, originando um maior ritmo ventilatório e um ciclo repetitivo de respiração lenta interrompida e rápida. O fármaco mais eficaz para tratar este fenómeno é a acetazolamida. Este reduz a respiração periódica, aumenta a oxigenação e é uma grande ajuda para dormir.





Na próxima semana continuaremos a abordar esta temática, até lá…





Boas caminhadas

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