Ainda que constantemente se utilizem estas duas palavras
de forma indiscriminada, a realidade diz-nos que se tratam de conceitos muito
diferentes. O tempo pode-se definir como sendo o estado da atmosfera num
determinado ponto ou lugar e numa época ou momento determinado, podendo-se
descrever relativamente a uma determinada área concreta da superfície da Terra.
Pelo contrário, o clima define-se como sendo a condição característica da
atmosfera deduzida de largos períodos de observação. Isto quer dizer que o
conhecimento do clima é derivado do conhecimento do tempo, sendo o primeiro uma
generalização e o segundo um acontecimento particular e concreto. Do mesmo modo
que se estabelece esta distinção entre tempo e clima, podemos estabelecer uma
distinção entre Meteorologia (ciência que estuda o tempo) e Climatologia
(ciência que estuda o clima).
O motivo da necessidade para o excursionista ter
conhecimentos sobre o clima e o tempo de um determinado lugar, reside na
possibilidade de poder estabelecer as “estratégias” gerais e as “tácticas”
concretas de forma a poder desfrutar e realizar incursões sem estar sujeito a
grandes perigos. Por exemplo, se formos realizar uma incursão pela montanha,
devemos ter em primeiro lugar, um bom conhecimento do clima de montanha para
nos equiparmos de forma adequada (como é sabido, a altitude quando alcança
cotas relativamente importantes provoca uma série de modificações nos elementos
climáticos, entre as quais se destaca a descida da temperatura – excepto quando
se produz inversão térmica, a diminuição da pressão atmosférica devido à perda
de densidade consequência do afastamento da superfície terrestre, aumento da
força dos ventos devido à diminuição da fricção com a superfície da terra,
aumento da turbulência, etc).
No entanto também será importante conhecer as previsões do
tempo para poder planificar as nossas actividades de um modo mais imediato
(portanto, jamais nos ocorreria sair numa incursão a uma zona de montanha, antevendo
uma previsão de forte tempestade).
A maioria dos montanheiros está habituado a recolher
informação televisiva, ou via internet, das previsões meteorológicas, as quais
se efectuam a partir da interpretação de mapas do tempo e de imagens
proporcionadas por alguns satélites (como é o caso do Meteosat).
Esta informação meteorológica que nos proporcionam nos
meios de comunicação, geralmente são de carácter geral. Por esse motivo, se
quisermos informação concreta e determinada sobre um lugar específico, devemos
completar essa informação com outro tipo de informação e adaptá-la dependendo
das características topográficas do terreno.
De qualquer forma, apesar dessa necessidade de conhecer
outros tipos de dados e do facto de a maioria das interpretações dos mapas de
tempo nos serem fornecidas, é indispensável conhecer algumas directrizes
básicas para efectuar as nossas próprias leituras dos mapas do tempo.
Grosseiramente poderíamos distinguir entre dois tipos de
mapas: os mapas de análises (como o seu nome indica, analisa uma situação
concreta, geralmente já passada, motivo pelo qual são bastante exactos) e os
mapas de previsões (que não são tão exactos e em que a previsão pode ser de 24
horas a 12 dias). Destes mapas do tempo, os que têm maior difusão são os mapas
de superfície nos quais são representados, por meio de isóbaras, os valores da
pressão atmosférica reduzidos ao nível do mar. Nestes mapas costuma-se desenhar
as isóbaras múltiplos de 4 milibares com linhas contínuas muito finas e setas
que indicam o seu sentido giratório. As configurações isobáricas indicam-se com
“A” (anticiclone: áreas de altas pressões) e “B” (tempestades: áreas de baixas
pressões), conforme seja o tipo que formem.
Também se desenham as frentes frias (linhas mais grossas com triângulos de cor azul) as frentes quentes (linhas com semi-circulos de cor vermelha) e as frentes ocluidas (linhas com semicírculos e triângulos alternados).
A informação que se pode extrair destes mapas é variada,
dada a importância que tem a pressão atmosférica: de valor (superior a 1013 mb
– áreas de alta pressão e inferior a 1013 mb – áreas de baixa pressão) e da
disposição das isóbaras (declive, curvatura e direcção), consegue-se deduzir a
direcção e a força do vento (o maior declive, quer dizer quanto mais juntas
estejam as isóbaras, maior será a força do vento), as áreas de instabilidade
atmosférica e de precipitação (isóbaras rectilíneas indicam tendência para a
instabilidade), e as de estabilidade (dorsal e anticiclone), e úteis
considerações sobre a humidade e a temperatura de cada sector (se as isóbaras
marcarem uma procedência marinha de latitudes altas, a temperatura será
inferior à normal e a humidade relativa será alta; se marcarem procedência
marinha de latitudes similares, a temperatura será normal e a humidade relativa
será alta; se marcarem procedência marítima de latitudes mais baixas, a
temperatura será superior à normal e a humidade absoluta será alta; se marcarem
procedência continental de latitudes mais altas, a temperatura será inferior à
normal e a humidade absoluta será baixa; se marcarem procedência continental de
latitudes similares, a temperatura será normal e a humidade relativa será
baixa; se marcarem procedência continental de latitudes mais baixas, a
temperatura será superior à normal e a humidade relativa será baixa).
Além destes mapas de superfície, existem os chamados mapas
de altitude ou topografias da superfície de uma dada pressão, normalmente 850,
700, 500 e 350 milibares, os quais dispõem de uma menor difusão, ainda que a
sua utilização seja vital para uma boa compreensão dos fenómenos que ocorrem na
atmosfera. Estes mapas indicam através de isoípsas as altitudes a que se
encontra determinada pressão. Nestes mapas também podemos encontrar, além da
isoípsas, umas linhas descontínuas denominadas isotérmicas que unem pontos com
a mesma temperatura e a determinada
altitude e cujo traçado é importante porque assinalam bolsas de ar frio em
altura, que podem ter grandes repercussões pluviométricas. A topografia que
normalmente se utiliza com maior frequência é a de 500 milibares (mb). A
altitude normal neste tipo de mapas é 5500 m aproximadamente; os valores
superiores a 5500 m indicarão áreas de pressão alta e os valores inferiores,
áreas de baixa pressão em altura.
Na carta acima estão representadas a carta de pressão à superfície (linhas brancas), isoípsas dos 500 hpa (1hpa = 30 pés = 9 metros) (linhas de cor) e a nebulosidade.
Tempo com situação de
instabilidade e evolução diurna
Esta situação é muito comum em montanha e perigosa pelo
facto de ser difícil de prever e avaliar a sua gravidade. Ocorre geralmente no
Verão e durante a tarde, originando fortes tempestades com acumulação
eléctrica, fortes chuvas e granizo. Normalmente a madrugada apresenta-se com
ausência de vento ou no mínimo vento aquecido proveniente dos vales, o céu
costuma ter algumas nuvens ou estar
parcialmente coberto, durante o decorrer da manhã as nuvens vão
evoluindo lentamente de forma que passado o meio dia os cumes começam a ficar
cobertos de neblinas e durante a tarde continuam a formar-se nuvens de
desenvolvimento vertical (cumulonimbos) que, finalmente, culminarão em
tempestade. Por regra, o montanheiro deverá evitar efectuar ascensões que
possam ultrapassar os dois dias, ou pelo menos prever esta situação, supondo
que o boletim meteorológico tenha advertido desta situação.
Interpretação
dos sinais de forma a prever a meteorológica
A previsão meteorológica, apesar do uso da moderna
tecnologia, não oferece segurança absoluta. A sua antecipação com uma alta
percentagem de êxito não vai além de um ou dois dias, e para previsões com
maiores prazos, a margem de erro aumenta consideravelmente.
Para actividades curtas de fim de semana, são úteis as
informações meteorológicas locais, mas para actividades mais prolongadas temos
de nos guiar pelos nossos próprios conhecimentos, auxiliados por instrumentos
como o barómetro,
os indícios obtidos
pela observação da evolução do tempo, sinais da natureza e até pelo
comportamento dos seres vivos.
Indicações barométricas
O barómetro é o instrumento utilizado para medir a pressão
atmosférica, quer dizer, o peso da atmosfera sobre um ponto concreto. A palavra
barómetro deriva de duas palavras gregas, “baros” (peso) e “metron” (medida).
Para a observação e previsão meteorológica é necessário
considerar dois parâmetros:
-
Subida ou descida da pressão.
-
Velocidade com que se produzem estas variações.
O altímetro por sua vez, é na essência um barómetro ao qual se aplica uma escala de altitudes, tendo em atenção que a pressão atmosférica diminui lógicamente com a altitude. Deste modo, o altímetro marcará de forma inversa à do barómetro: seja que uma subida de pressão se reflete numa descida de altitude e por sua vez uma descida de pressão numa subida de altitude.
O altímetro é definitivamente um instrumento muito útil
para qualquer actividade de montanha e hoje em dia já existem
altímetros-barómetros digitais que são bastante acessíveis e de grande
precisão.
Nem sempre podemos
confiar no barómetro
Ou no altímetro… não podemos esquecer que a pressão
atmosférica é apenas um parâmetro da atmosfera, apenas um. Não podemos pretender
saber o tempo apenas por consultar este dado. No entanto poderão orientar-nos
em face das prováveis tendências meteorológicas para o futuro imediato e não
mais do que três dias. A típica lenda que reza nos barómetros decorativos: em
que pressão alta é associada a bom tempo e pressão normal associada a tempo
variável, e ainda que pressão baixa é associada a chuva, apenas nos será útil
em algumas ocasiões. Esta associação directa entre pressão e mau ou bom tempo
foi atribuída, à alguns anos atrás em latitudes superiores, pelos britânicos no
princípio do séc. XX. Nas Ilhas Britânicas, o tempo depende quase
exclusivamente das tempestades atlânticas e das frentes de oeste. Neste caso,
apenas consultando as variações de pressão, pode-se saber se se aproxima uma
tempestade ou um anticiclone, chuvas ou sol respectivamente.
No entanto em latitudes inferiores, como nas montanhas, é
necessário contemplar a leitura destes instrumentos com mais dados. O sistema
meteorológico atmosfera-continente-oceanos é muito mais complexo com uma massa
de ar particular e caprichosa, em que pode chover por acção do vento.
- A descida súbita da pressão (em poucas horas,), mesmo
que seja débil, indica a aproximação de uma perturbação de curta duração
(tormenta). Se a descida é considerável é presságio de uma tempestade. Se for
mais de 5 mb de descida em 24 horas, indica a aproximação de uma perturbação de
caracter tempestuoso.
- A descida lenta, regular e pronunciada do barómetro (ao
longo de um dia ou mais) indica um período grande de mau tempo, sendo mais
acentuada a perturbação quanto maior for a descida (temporal).
- Uma elevação brusca com baixas temperaturas, é sinal de
bom tempo. Se a subida for considerável e prolongada pode-se contar com vários
dias de bom tempo.
- Uma elevação brusca da pressão, com bom tempo e com uma
pressão prévia inferior à media barométrica do lugar, é indício de que se aproxima vento com possibilidades
de que a pressão acabe por descer.
- Nos dias calmos de verão, o barómetro baixa um ou dois
milibares ao meio-dia e sobe ao entardecer. Na montanha, ao contrário, com
tempo estável, o barómetro sobe um par de milibares ao meio-dia e se registar o
contrário é sinal de perturbações em perspectiva.
- Uma descida lenta, em dois ou três dias, assinala uma
mudança de tempo notável. Mais chuvoso e duradoiro.
- Com uma subida lenta, chegará um anticiclone firme com algumas nuvens baixas ou neblina e um longo período de bonança.
Outro sinal muito significativo a considerar juntamente
com a observação do barómetro, é a
mudança de direcção do vento. Quando a direcção do vento muda no sentido dos
ponteiros do relógio e o barómetro sobe, é sinal de bom tempo. Quando muda em
sentido contrário e desce o barómetro, é sinal de mau tempo.
Observação dos indícios naturais
Na falta de boletins fiáveis, a atenta observação dos
indícios naturais juntamente com o barómetro, podem ajudar-nos em percursos
prolongados na montanha para fazermos o nosso próprio prognóstico local a curto
prazo, servindo também para comparar com os dados disponíveis e tirarmos as
nossas próprias conclusões. Estes indícios são variáveis dependendo da zona e
do microclima, mas de qualquer forma ajudam-nos a enriquecer o nosso próprio
conhecimento e experiência sobre o clima.
Todos os indícios que nos oferece uma observação atenta são
de grande ajuda VISTOS NO SEU CONJUNTO, pois isoladamente podem-nos levar a
falsas apreciações.
Não esquecer que os habitantes da região onde nos
encontramos podem oferecer uma grande ajuda, pois ninguém melhor que eles
conhece as peculiaridades do clima local.
São sinais de bom tempo estável:
- Céu ligeiramente rosáceo ao amanhecer, o disco solar
límpido e brilhante e neblinas matinais no fundo dos vales.
- Durante o dia, com o céu vivo e tempo quente e seco, a
visibilidade pode ser embaciada por causa de uma bruma ligeira no ambiente.
- A brisa do vale começa a soprar por volta das nove ou dez
da manhã e adquire a sua maior força ao meio-dia. Sobre os declives das
montanhas, a alturas similares, é frequente a formação de cúmulos que se elevam
depois do meio-dia cobrindo os cumes e desaparecendo ao entardecer. Amiúde
formam-se e dissolvem-se também alguns
cirros. As nuvens altas procedem de N, NE e SE.
- No ocaso do dia, o céu está claro e apresenta um colorido
amarelo avermelhado com o horizonte claro. Depois de um intervalo de calma, a
brisa de montanha substitui a do vale.
- A noite refresca notavelmente originando orvalho ou geada,
conforme a estação. A noite de lua brilhante ou muito estrelada pode
prognosticar geada. Distinguem-se relativamente poucas estrelas no céu mas com
um forte cintilar, e não aparece nenhuma auréola em redor da lua. Nestes casos
não se esperam variações.
- De uma forma geral os ventos frios e secos de N, E e NE, assim como os que sopram na mesma direcção que o sol no seu percurso diurno, levam consigo o bom tempo, mantendo-o.
- A formação e persistência das neblinas indicam predomínio das altas pressões e é sinal de estabilidade atmosférica.
Sinais anunciadores de alteração de tempo:
- Se com bom tempo cruzam o céu nuvens a distintas
alturas, aproxima-se uma frente, o que pressagia mau tempo.
- O vento quente e húmido, geralmente de S, é acompanhado
de chuvas, neve ou tempestades ( aumentando o perigo de avalanches).
- O vento frio e húmido de W e NW pode produzir muito
nevoeiro, originando chuvas no verão e neve no inverno.
- Outro indício significativo é a mudança de direcção do
vento dominante em altura, pois indica o curso que se deslocam as massas de ar,
principalmente se muda de N ou NE para S ou SW, indica a aproximação de
temporal.
- Os traços dos aviões ajudam-nos a prever o nível de
humidade na atmosfera nas camadas altas. Se os aviões não deixam marca, o bom
tempo durará todo o dia e pode continuar igual. O rasto branco e quanto mais
aberto pior, pode indicar pior tempo nas próximas horas.
- Um pôr do sol num céu amarelo pálido, anuncia chuva.
- A visibilidade raramente é boa com bom tempo, por causa
do estancamento da poeira atmosférica nas camadas de ar próximas do solo (bruma
seca) ou do desvio irregular dos raios luminosos pelas camadas desigualmente
aquecidas (bruma de calor).
Ao contrário, a visibilidade anormalmente boa deve ser
interpretada como mau indício. Salvo imediatamente após a chuva, quando a
atmosfera se encontra limpa, fresca e homogénica, uma visibilidade excessiva
denota a presença de húmidade elevada, que impregna o pó e o faz cair devido ao
peso; ou então é sinal de que se produzem correntes convectivas que elevam a
poeira a grande altitude. Em qualquer destes casos existirá a ameaça de mudança
de tempo ou de tempestade.
- Um sol pálido ao amanhecer, o céu branco leitoso, a
aureola e seus fenómenos secundários em volta do sol e da lua anunciam a
presença de um véu de cirroestratos na vanguarda de uma perturbação, anunciam
chuvas com antecipação de 24 a 48 horas, salvo se a perturbação seja local ou
muito violenta.
- São bom sinal os ventos calmos e a circulação normal de
brisas dos vales e montanha, não afectadas por erupções de vento meteorológico.
- Os ventos de componente Norte a Nordeste são frios e
secos, assegurando a predominância de altas pressões, pelo contrário os de Sul
e Sudoeste são quentes e húmidos. É importante detectar a mudança de direcção
dos ventos e o sentido em que se produzem (a evolução das massas de ar supõem
uma possível aproximação de tempestade).
- Os ventos de Noroeste, frios e húmidos, antecedem os
distúrbios atmosféricos.
- As colunas de fumo que se elevam verticais e sem causar
desvios, indicam estabilidade atmosférica. Pelo contrário aquelas que traçam
esteiras de turbulência e descendentes, indicam instabilidade atmosférica.
- A superfície mate dos lagos e tanques também são prenúncio
de mau tempo.
- A maior parte das aves insectívoras voam baixo e lançam
guinchos.
- As gralhas fazem igual em bandos e principalmente pela
manhã.
- As gaivotas voam alto e em direcção a terra.
- Os peixes saltam para apanhar moscas e mosquitos junto à
água.
- As moscas e mosquitos tornam-se mais agressivos e persistentes.
- O gado mostra-se inquieto e procura abrigo.
- Durante a tarde as lesmas, os vermes, sapos e cobras,
aparecem e cruzam os caminhos.
- O trevo ergue-se e levanta as suas folhas quando existe
ameaça de tempestade.
- Os doentes reumáticos, assim como quem sofreu fracturas
ou intervenções cirúrgicas, vêem-se afectados pelas dores de “mudança de
tempo”.
- Nos bosques de coníferas, se as pinhas espalhadas pelo chão estiverem bem abertas, espera-se tempo seco, se estiverem fechadas, espera-se tempo húmido. Numerosas plantas mudam o seu aspecto com a humidade.
- O perfume das rosas é mais acentuado com baixas pressões do que em situações anticiclónicas.
- A maioria dos incêndios florestais ocorrem entre as 12:00h e as 17:00h (quando a insolação é maior). Factores que aumentam o risco são as geadas no final da Primavera e uma atmosfera seca.
- As teias de aranha. Diz-se que a forma destas mantém relação com o tempo. Quando a aranha tece uma teia pouco densa e distendida, se manterá o bom tempo. No entanto se a teia estiver bem tensionada e possuir um enredo maior, pode ser sinal de vento ou chuva.
- Costuma-se dizer que quando as formigas começam a elevar a entrada a entrada dos seus formigueiros mais do que o habitual, é aviso de que se aproximam as chuvas.
- Fala-se de bom tempo quando os grilos e as cigarras cantam, no entanto estes insectos são capazes de cantar antes de uma tempestade estourar, pelo que poderão não ter muito interesse para uma correcta previsão meteorológica quando analisados isoladamente.
- A rã é a estrela da meteorologia popular. Anuncia a chuva se coaxar mais forte do que o costume.
- As aves migratórias anunciam a chegada das estações
climáticas com maior exactidão do que o calendário. Está próxima a Primavera ou
ainda voltarão as condições invernais? Devem-se observar se as espécies
migratórias da zona já chegaram, como os gansos, os pombos, os patos, as
cegonhas, etc. Mesmo assim, é preciso ter presente outras circunstâncias para
evitar falsas interpretações.
- Se as andorinhas se perseguirem, altas no céu e com gritos estridentes, o bom tempo está assegurado.
- Não é normal observar as perdizes pousadas sobre ramos,
principalmente se estivermos próximos (pois costuma estar escondida entre o mato).
No entanto se as observarmos à distância, pousadas a certa altura, não teremos
mau tempo.
- Se ouvirmos piar a coruja ao entardecer, isso é
prognóstico de chuva próxima.
- Os corvos, gralhas, etc, adoram brincar com o vento das
ladeiras que ascende pelos rochedos, mantendo-se horas sobre estes. Se
desaparecerem e se observarem a descer para os vales, é sinal de que chegará a
chuva.
- O canto do melro, anuncia que o inverno se foi.
- Costuma-se dizer que quando o galo canta a horas anormais da noite, significa que o tempo vai mudar.
- Em zonas onde é normal haver ventos fortes, os rebanhos de animais como os cavalos ou as vacas orientam-se, curiosamente, oferecendo as suas partes traseiras para o vento, que não tardará a chegar.
- Em vales, normalmente afectados pelo efeito foenh, a brusca seca do ambiente afecta o sistema nervoso dos animais que se mostram muito inquietos horas antes de que o efeito chegue.
- Os pastores tibetanos atiram sal ao fogo. Se o sal ranger, avizinha-se bom tempo (ambiente seco), se não ranger, espera-se tempo húmido.
Para interpretar correctamente os sinais de mudança em relação à direcção dos ventos é necessário levar em conta que na montanha existem causas modificadoras da sua direcção como a acção directa dos vales, a dinâmica das cristas, a combinação dos das brisas dos vales e dos ventos altos, etc..., para os relacionar com as perturbações atmosféricas é necessário conhecer as características locais e o tipo de tempo que costuma fazer.
Como verificamos, o interesse pela previsão do tempo e pela sua evolução é de extrema importância, e devemos levar em conta que nem sempre poderemos contar com boletins meteorológicos ou imagens de satélite, pelo que será necessário o montanheiro saber observar e interpretar certas variáveis no terreno.
No próximo artigo daremos continuidade a este tema,
portanto… fiquem atentos… e… até lá
Boas caminhadas
Bom artigo
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