01 maio 2013

Plantas comestíveis (2ª parte)




Sementes e Grãos

As sementes de muitas plantas, tais como o figo-mourisco, a tasneira, a amaranto, a anserina e os feijões e ervilhas de plantas do tipo do feijoeiro, contêm óleos ricos em proteína. Os grãos de todos os cereais e muitas outras ervas também são ricos em proteína vegetal. Podem ser moídos entre duas pedras, misturados com água e cozidos, para fazerem papas, ou podem ser comidos secos. Os grãos  como o milho também podem ser conservados para uso futuro quando secos.

Arroz – O arroz cresce em estado selvagem por todo o mundo e encontra-se nos trópicos em terrenos húmidos e baixos. O painço, um primo do arroz, encontra-se em territórios temperados, quentes e tropicais. O arroz-bravo, cornudo, existe na Ásia, África e em algumas zonas dos Estados Unidos. É uma erva robusta que atinge uma altura de 90 cm a 1,20 m, com folhas ásperas e duras em forma de lâmina com 2 cm a 5 cm de largura. Os bagos de arroz crescem dentro de uma casca peluda e cor de palha que os bagos feitos rompem quando maduros. Assa-se estes bagos de arroz e esmagam-se para obter uma farinha fina. Mistura-se esta farinha com óleo de palma para fazer bolos. Embrulha-se estes em grandes folhas verdes e guardam-se para uso futuro. O arroz também pode ser cozido.











Feijão Goa (Goa Bean) – Esta planta cresce na África tropical, na Ásia, nas Indias Orientais, nas Filipinas e na Formosa. A vagem é comestível, vulgar nos trópicos, e encontra-se em clareiras e em torno das hortas abandonadas. É uma planta trepadora, cobrindo árvores e arbustos, com uma vagem com 22,5 cm de comprimento. As folhas têm 15 cm de comprimento e dá flores azuis-brilhantes. O fruto desenvolvido tem quatro ângulos com asas entalhadas. Come-se o fruto novo como se fosse feijão-verde. Preparam-se as sementes secando-as ou assando-as sobre carvão quente. Come-se as raízes ao natural e as folhas novas ao natural ou aferventadas.







Sorgo – Cultivado em abundância na India e em partes do Sudeste da Ásia, Arábia, Egipto e nas partes mais  quentes da África e da América do Sul, esta planta pode ser encontrada em campos abandonados. O grão é pulverizado e pode ser cozinhado como papas de aveia, transformado em  bolos ou usado para engrossar um molho ou uma sopa. Esta planta tem enorme valor alimentar.








Milho-painço – O painço vulgar dá-se na Coreia e no Norte da China, mas é cultivado com abundância em qualquer parte da Ásia e na África, especialmente onde não é possível o cultivo do arroz. O milho-painço é uma das formas das nossas gramíneas vulgares e normalmente utilizadas na alimentação das aves de capoeira.








Frutos

A fruta comestível é abundante na natureza e pode ser classificada como sobremesa ou como vegetal. Os frutos de sobremesa incluem os familiares mirtilos e a camarinha-do-norte e a cereja, a framboesa, a ameixa e a maçã da zona temperada. Os frutos que não são usados como sobremesa incluem o tomate vulgar, o pepino, o pimento, a beringela e o quiabo. Os frutos fornecem, talvez, a mais completa fonte de alimento nos trópicos. Os que se encontram em abundância incluem as bananas e as bananas-de-são-tomé, papaias, a fruta-de-bael, os figos silvestres, a fruta-pão e o jambo (fruto do jambeiro, árvore da India e do Brasil).
Alguns dos frutos e bagas silvestres são:

A centáuria-azul, o mirtílo e o arando silvestre – Largas manchas de centáureas-azuis medram na tundra europeia, na Ásia e na América no fim do verão. Mais para o Sul, em todo o hemisfério norte, são vulgares estas bagas e as suas semelhantes, o mirtilo e o arando. Quando aparecem na tundra do Norte, estas bagas silvestres crescem em arbustos rasteiros. As suas semelhantes do Sul desenvolvem-se em arbustos mais altos, os quais podem atingir 1,80 m de altura. São vermelhas, azuis ou pretas quando maduras.














Amora – A amoreira cresce nas América do Norte e do Sul, na Ásia e na África. No estado selvagem aparece em zonas florestadas, ao longo das bermas das estradas  e em terrenos baldios, atingindo por vezes 6 m a 18 m de altura. O fruto parece-se com a amora silvestre e tem 3 cm a 5 cm de comprimento. Cada fruto tem a grossura de um dedo e a sua cor pode ser vermelha ou preta.








Videira-brava – Esta planta parasita encontra-se por toda a parte no Leste e no Sudoeste dos Estados Unidos, no México, na zona mediterrânea, na Ásia, nas Indias Orientais, na Austrália e na África. As suas folhas são fortemente lobadas e semelhantes às da vinha cultivada. Os frutos pendem em cacho e são ricos em açucar. Também se pode obter água a partir das videiras bravas.








Maçã-brava – Este fruto é vulgar nos Estados Unidos, na Ásia temperada e na Europa. Procure-a nos bosques abertos, na orla das matas ou nos campos. A maçã parece-se com a sua congénere cultivada e pode ser reconhecida facilmente onde quer que se encontre. Esta fruta pode ser cortada em fatias finas que uma vez secas ao sol servem como reserva alimentar.






Alcaparra-brava – Esta planta cresce quer como arbusto, quer como pequena árvore, com cerca de 6 m de altura, na África do Norte, na Arábia, na India e na Indonésia. Não tem folhas, os ramos são cobertos de espinhos e as flores e o fruto crescem perto dos topos dos ramos. Come-se o fruto, bem como os botões florais.











Banana e bananas-de-são-tomé – Encontram-se em todas as regiões tropicais e subtropicais. As bananas maduras, tal como as encontramos nos mercados, raramente aparecem na bananeira porque as aves, os morcegos, os insectos e outros seres as apanham antes de atingirem a maturação. As bananas-de-são-tomé são geralmente verde-escuras, castanhas, amarelas ou alaranjadas e parecem bananas verdes. As bananas verdes são comestíveis quando cozinhadas. Cozem-se, fritam-se ou assam-se. As bananas-de-são-tomé nunca amaciam mesmo quando maduras e têm de ser cozidas ou assadas. Os botões florais e as tenras pontas em crescimento na parte superior do caule de ambas as espécies são também comestíveis. As bananas maduras podem ser conservadas se forem cortadas em fatias e secarem ao sol. Os rebentos tenros, as partes moles do interior da raiz grossa e o miolo tenro da base do caule podem ser comidos ao natural ou cozidos. Nenhuma banana silvestre é venenosa. As folhas das bananeiras são resistentes. Podem-se usar como pratos, como substituto de papel de embrulho e para tapar os materiais.









Papaia – Esta árvore cresce em todos os territórios tropicais, especialmente nas zonas húmidas. Encontra-se em redor de clareiras e antigas habitações e também em lugares abertos e ensolarados em zonas de selva desabitada. A árvore da papaia tem entre 1,80 m e 6 m de altura, com um tronco mole e oco que quebrará sob o nosso peso se tentarmos trepar por ela. O tronco é rugoso e as folhas grandes, verde escuras e lobadas, que se aglomeram no topo. O fruto, amarelo ou esverdeado, cresce em cachos entre e debaixo das folhas, directamente agarrado ao tronco, e tem a forma de abóbora. É rico em vitamina C e pode ser comido ao natural ou cozinhado depois de descascado. A seiva leitosa do fruto verde é um bom amaciador da carne, se esfregada nela. Deve ser evitado o contacto deste suco com os olhos, pois causará dor violenta e cegueira temporária ou mesmo permanente. As folhas, flores e caules da papaia nova são também comestíveis. Cozem-se cuidadosamente mudando-se a água pelo menos duas vezes.









Fruta-de-bael – Este fruto cresce em pequenas árvores tipo citrinos e é aparentada com as laranjas, limões e toranjas. Encontra-se em estado selvagem nas regiões da India que bordejam a cordilheira do Himalaia, no Centro e no Sul da India e em Burma. A árvore tem 2,40 m a 4,5 m  de altura, apresenta um desenvolvimento compacto, é espinhosa e o fruto tem 5 cm a 10 cm de diâmetro, o qual é cinzento ou amarelado e cheio de pevides. Come-se o fruto quando estiver a amadurecer ou mistura-se o suco em água para fazer uma bebida acre mas refrescante. Tal como os outros citrinos, este fruto é rico em vitamina C.







Figo bravo – A maior parte das oitocentas variedades de figueiras-bravas crescem nas zonas tropicais e subtropicais por contarem com chuvas abundantes. Na América, contudo, existem algumas espécies que se dão no deserto. As árvores têm folha persistente, larga e rija. Procura-se esta árvore nas hortas abandonadas, ao longo das estradas e trilhos e nos campos, a qual apresenta longas raízes aéreas crescendo do tronco e dos ramos. Depois de se ter identificado a árvore, procura-se o fruto, que cresce directamente agarrado aos ramos e se parece com uma pêra. Muitas das variedades são duras e lenhosas, coberta de pêlos irritantes. Estas não têm interesse como alimento de sobrevivência. O tipo comestível é macio quando maduro, quase careca e de cor verde, vermelha ou preta.






Fruta-pão – A fruta-pão é uma árvore tropical vulgar. Cresce até 12 m de altura, com folhas rijas de 30 cm a 90 cm de comprimento. A fruta é deliciosa quando madura e pode ser comida ao natural, cozida ou grelhada na brasa. Para se comer ao natural, descasca-se primeiro e retiram-se os pedaços carnudos para os separar das sementes e deita-se fora a casca dura exterior. Para a cozer corta-se em pedaços pequenos e coze-se durante dez minutos. Para a grelhar, raspa-se e retira-se o pedúnculo.










Jambeiro – Esta árvore é nativa da região indo-malaia, mas tem sido plantada na maior parte dos outros territórios tropicais. Esta árvore (de 3 m a 9 m de altura) também aparece no estado semi-selvagem em matagais cerrados, em terrenos de pousio e em florestas secundárias. Tem folhas pontiagudas com cerca de 20 cm de comprimento e flores verde-claras de 7,5 cm de diâmetro. O fruto jambo tem 5 cm de diâmetro, esverdeado ou amarelo, e tem um odor semelhante ao das rosas. É excelente fresco ou cozinhado com mel ou seiva de palmeira.










Bagas do Árctico – A fambroesa-do-pacífico (fruto do framboeseiro-do-pacífico, planta de vistosas flores vermelhas das costas do Pacífico) é a mais importante das bagas do Norte. Todas as bagas, com excepção do fruto venenoso da erva-de-são-cristóvão (planta da família do rainúnculo-amarelo, de fruto ácido), são comestíveis. Esta última planta tem as suas bagas vermelhas em cachos pedunculados de uma dúzia ou mais.

Uva-do-monte – Arbusto baixo, rastejante, de folhas coriáceas pernes. Tem bagas solitárias, vermelhas, que contém elevado conteúdo vitamínico.







Uva-do-monte alpina gigante – Esta baga aparece aos cachos de três ou quatro na ponta de fortes pedúnculos, num arbusto trepador de casca às tiras e folhas redondas e torna-se vermelha e quase insípida no estado maduro.







Roseira brava – O fruto aparece por meados do Verão e dura até ao Outono (muitas vezes até ao Inverno e mesmo até ao início da Primavera). A roseira-brava dá-se nos bosques secos, especialmente ao longo dos cursos de água e das falésias. Distingue-se pelo caule espinhoso. A cor dos frutos vai do vermelho ao laranja. Na Primavera  e no Inverno, os frutos da roseira-brava são duros e secos, mas mesmo assim são comestíveis e altamente nutritivos. Outras bagas comestíveis nestas regiões são a amora-brava e a camarinha. Esta é azul ou preta.








Casca

A parte interior da casca de uma árvore, a camada junto da madeira, pode ser comida cozinhada ou ao natural. Pode fazer-se farinha com a parte interior da casca do algodoeiro, da faia-preta, do vidoeiro, do salgueiro e do pinheiro reduzindo-a a pó. Deve-se evitar a parte exterior da casca devido à presença de grandes quantidades de tanino amargo. A casca do pinheiro é rica em vitamina C. Remove-se  parte exterior da casca e descola-se do tronco a parte interior da casca. Come-se fresca, seca ou cozida ou mói-se para fazer farinha.




Gramíneas

Muitas das plantas das regiões nórdicas são boas substitutas das hortaliças normalmente comidas como parte da dieta diária.

Dente-de-leão – Esta planta é um potencial salva-vidas nas regiões polares. Quer as folhas, quer as raízes, podem ser comidas ao natural, mas sabem melhor depois de levemente aferventadas. As raízes de dente-de-leão podem ser usadas como um substituto do café. Para as preparar, limpam-se as raízes, dividem-se ao meio e cortam-se em pequenos pedaços. Assam-se e depois ralam-se entre duas pedras. Trata-se o pó como se fosse café.












Malmequer-dos-brejos – Esta planta dá-se nos pântanos e ao longo dos cursos de água e rebenta no princípio da Primavera. As folhas e os caules, particularmente os das plantas jovens, são saborosos quando cozinhados.









Salgueiros – Estes arbustos ou pequenas árvores encontram-se por todo o mundo. Na tundra podem ter apenas alguns centímetros de altura. Têm rebentos novos, tenros e folhosos que são comestíveis durante a Primavera. Tornam-se amargos e duros quando velhos. Os salgueiros podem ser identificados pelos cachos de flores ou frutos que se desenvolvem como espigas com a forma de lagarta, de 3 cm ou mais de comprimento. Dão-se em quase todos os habitats e são uma das mais ricas origens de vitamina C.









Salgueirinha-anã (esteva) – As folhas, caules e flores jovens são comestíveis na Primavera, mas tornam-se rijas e amargosas no Verão e morrem no Outono. Pode ser encontrada ao longo dos cursos de água, restingas, margens de lagos e nas encostas alpinas e árcticas. Os caules têm 30 cm a 60 cm de altura e as folhas são grossas, quase brancas, com cerca de 7,5 cm de comprimento. As flores vão do rosa ao púrpura, são grandes e vistosas e têm quatro pétalas.






Salgueirinha – As folhas, caules e flores jovens são comestíveis na Primavera, tornando-se rijas e amargosas no Verão. Esta planta pode ser encontrada nos bosques abertos, nas encostas das colinas e nas margens dos cursos de água e perto das praias marítimas. É particularmente abundante nas áreas queimadas. É semelhante à salgueirinha-anã, mas as suas folhas são verdes e os seus caules avermelhados e mais altos que os da salgueirinha-anã. Atinge a altura de um homem e as suas flores têm um cor-de-rosa vistoso.








Tussilagem – As suas folhas e os botões florais são comestíveis na Primavera e no Verão. A planta pode ser encontrada nos bosques húmidos e na tundra alagada. Tem folhas um tanto espessas, de forma triangular, e atinge de 8 cm a 25 cm de comprimento. São verde-escuras por cima e branco-sujas por baixo e nascem apenas na Primavera. O caule é carnudo e penugento, com cerca de 30 cm de altura, e tem um cacho de flores macias no topo.











Não esqueçam, apenas se devem ingerir as plantas que realmente temos a certeza que conhecemos, nunca devemos ingerir nenhuma quando existirem incertezas.

Boas caminhadas

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